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História da cidade de São Paulo
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Fundação de São Paulo
São Paulo surgiu como missão jesuítica, em 25 de janeiro de 1554. Com o tempo, o povoado acabou caracterizando-se como entreposto comercial e de serviços de relativa importância regional. Esta característica de cidade comercial e de composição heterogênea vai acompanhar a cidade em toda a sua história, e atingirá o seu ápice após o espetacular crescimento demográfico e econômico advindo do ciclo do café e da industrialização, que elevariam São Paulo ao posto de maior cidade do país.
Em janeiro de 1554, um grupo de jesuítas, comandado pelo padre Manuel da Nóbrega e auxiliado pelo igualmente jesuíta José de Anchieta, chega ao planalto, auxiliado por João Ramalho. Com o objetivo de catequizar os índios que viviam na região, os jesuítas erguem um barracão de taipa de pilão, em uma colina alta e plana, localizada entre os rios Tietê, Anhangabaú e Tamanduateí, com a anuência do cacique Tibiriçá, que comandava uma aldeia de Guaianases nas proximidades. Em 25 de janeiro daquele ano, dia em que se comemora a conversão do apóstolo Paulo. A celebração marcou o início da instalação dos jesuítas no local, e entrou para a história como nascimento da cidade de São Paulo.
Ocupação da Cidade
No século XVI são fundadas novas igrejas: a Matriz, em 1588 (primeiro protótipo da Sé paulistana), a de Nossa Senhora do Carmo, de 1592 (demolida em 1928), a Igreja de Santo Antônio (ainda hoje na Praça do Patriarca), e a capela de Nossa Senhora da Assunção, por volta de 1600 (que daria origem ao atual Mosteiro de São Bento).
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Os Bandeirantes e o Ciclo do Ouro
No século XVII, São Paulo permanecia como um núcleo de povoamento pobre e isolado das áreas mais dinâmicas da colônia. Assim, já nas primeiras décadas do século, os paulistas começaram a organizar as bandeiras – grandes expedições que partiam em direção aos sertões inexplorados da colônia, em busca de mão-de-obra indígena, pedras e metais preciosos. Em pouco tempo, os bandeirantes se tornariam os grandes responsáveis pela ampliação dos limites das fronteiras da colônia, incorporando ao território do Brasil inúmeras áreas que, de acordo com o Tratado de Tordesilhas, pertenciam à Espanha.
Os bandeirantes se tornariam figuras centrais na história política de São Paulo no século XVII, e a autoridade local dos exploradores por vezes sobrepujava os interesses da Igreja Católica e da própria coroa portuguesa. Em 1640, a forte oposição dos jesuítas à captura e comercialização da mão-de-obra indígena promovida pelos bandeirantes levou a uma série de conflitos entre os dois grupos, que culminariam, em 13 de julho daquele ano, com a expulsão dos jesuítas de São Paulo, medida que teve apoio dos comerciantes da vila. Os jesuítas só obteriam permissão para retornar a São Paulo em 1653.
Estrategicamente localizada defronte os principais caminhos para o interior, e banhada pelo rio Tietê(cujo curso natural servia de caminho ao interior da capitania e à atual região Centro-Oeste), São Paulo converteu-se no principal centro do movimento bandeirante, especialmente a partir da década de 1660. Foi da vila que partiram as históricas expedições de Fernão Dias Pais, Antônio Raposo Tavares, Domingos Jorge Velho e de Bartolomeu Bueno da Silva, entre outras.
Em 1690, os bandeirantes paulistas descobriram ouro no "Sertão do Cuieté", atual estado de Minas Gerais. Repetiriam o feito alguns anos mais tarde, em Mato Grosso e Goiás. Primeiros a explorar e ocupar o território mineiro, os paulistas logo enfrentariam a concorrência de luso-brasileiros de outras regiões da colônia, culminando no conflito denominado Guerra dos Emboabas. A descoberta paulista despertou pela primeira vez a atenção do reino português sobre a vila, já que São Paulo, a essa altura, não apenas concentrava a partida das expedições, mas também tornara-se o núcleo principal de irradiação das correntes de povoamento que se dirigiam para Minas Gerais e, posteriormente, para o Mato Grosso e Goiás. Como consequência, em 1709, São Paulo substitui São Vicente como sede administrativa da capitania (que tem seu nome alterado para Capitania de São Paulo e Minas de Ouro). Em 1711, São Paulo é elevada a cidade. Conta nesse ano 9 mil habitantes.
Embora a corrida pelo ouro de Minas tenha enriquecido muitos desbravadores paulistas, o efeito sobre a cidade foi o oposto. O esvaziamento populacional empobreceu São Paulo, que assistiu a um longo período de estagnação em seu crescimento econômico. Com o esgotamento das jazidas mineiras, na segunda metade do século XVIII, a situação se agrava, e muitos paulistas retornam aos seus locais de origem. A cidade recebe novo fluxo populacional e tenta reorganizar sua atividade econômica.
O Ciclo do Açúcar
O plantio da cana-de-açúcar é estimulado nas áreas a sudeste da capital, e grandes fábricas de tecelagem e fundição são instaladas. Em 1792, a abertura da Calçada do Lorena, importante obra de engenharia do período colonial, ligando as cidades de São Paulo e Santos, forneceria condições adequadas para o transporte de açúcar e de outros gêneros alimentícios produzidos no interior da capitania. São Paulo é beneficiada por sua posição geográfica estratégica, como encruzilhada natural das vias de circulação entre o interior e o litoral da colônia. Afirma então seu papel de centro comercial, através do qual se fazia o escoamento da produção, rumo ao porto de Santos.
Em 1750, com a expulsão dos jesuítas do Brasil, dessa vez por determinação do Marquês de Pombal, os bens da ordem são confiscados. A igreja dos jesuítas, reconstruída no início do século XVIII, é transformada em sede da administração da capitania, agora, já separada de Minas Gerais e renomeada como Capitania de São Paulo.
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O Primeiro Reinado e a Faculdade de Direito
Cresce a importância política da capitania (que se torna província em 1821), e a cidade de São Paulo serve de palco para acontecimentos de grande importância na história do país. Entre os mais destacados nomes da campanha pela Independência Brasileira figurou um paulista, José Bonifácio de Andrada e Silva. E foi na capital paulista, à margens do riacho do Ipiranga, que Dom Pedro I proclamou a independência do Brasil. Também vivia na cidade a mais célebre amante do imperador, a marquesa de Santos. São Paulo recebeu o título de "Imperial Cidade", outorgado por D. Pedro I em 1823.
Em 1825, é criada a Biblioteca Pública Oficial de São Paulo, a primeira da província. Em 1828, é inaugurada a Faculdade de Direito do Largo São Francisco. Trata-se da mais antiga instituição de ensino jurídico do país, ao lado da Faculdade de Direito de Olinda, ambas instituídas por decreto imperial de 1827. Após a instalação da faculdade, a cidade recebe o título de "Imperial Cidade e Burgo dos Estudantes de São Paulo de Piratininga". O consequente afluxo de mestres e estudantes ocasiona uma radical mudança no cotidiano da cidade. Além de demandar a construção de hotéis, restaurantes e núcleos artísticos, a aglomeração de acadêmicos enriquece a vida cultural paulistana. Ao longo da história, a faculdade (incorporada à USP em 1934) tornar-se-ia responsável pela formação de parte considerável da elite intelectual e política brasileira, e seu edifício (instalado no local do antigo convento de São Francisco) foi palco de atos e manifestações públicas relacionadas a inúmeros fatos da vida política do país.
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O Segundo Reinado e o Ciclo do Café
Vindo do Rio de Janeiro, o café começou a ser extensivamente cultivado em São Paulo. Em 1850, o café já era o principal produto exportado por São Paulo. Do Vale do Paraíba, os cafezais se espalharam pelas terras roxas do oeste paulista, antes ocupadas com a cana-de-açúcar. A partir do reinado de D. Pedro II, a cidade ganha novo impulso com o desenvolvimento da economia cafeeira: os setores de comércio e de serviços aumentam consideravelmente e observa-se a formação de uma expressiva burguesia.
Muitos fazendeiros prosperam, com lucros provenientes da utilização do trabalho assalariado e do emprego de mão-de-obra imigrante. A abundância de recursos financeiros propicia a realização de grandes investimentos, a maior parte custeada pela iniciativa privada. São abertas várias ferrovias, interligando a cidade de São Paulo às principais áreas produtoras da província e ao Porto de Santos: a primeira é a São Paulo Railway, inaugurada em 1867, à qual se segue a Estrada de Ferro Sorocabana, entregue em 1870.
Em 1872, são instalados os serviços de abastecimento de água, esgoto e iluminação a gás, e é criado o sistema de transporte com bondes de tração animal. Em 1884, começam a funcionar as primeiras linhas telefônicas. Para suprir as necessidades educacionais da crescente elite paulistana e minorar os problemas provenientes da falta de habilitação técnica, a iniciativa privada inaugura as primeiras instituições de ensino (Instituto Presbiteriano Mackenzie, em 1870; Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, em 1873; Escola Alemã, em 1878).
Após a década de 1880, o café teve nova valorização internacional. Os fazendeiros paulistas, entretanto, tinham de lidar com o problema da escassez de trabalhadores. Após a promulgação da Lei Eusébio de Queirós e a consequente abolição do tráfico negreiro, ocorrida em 1850, os escravos negros tornaram-se escassos e cada vez mais caros. Para substituí-los, começaram a chegar os imigrantes, sobretudo italianos. Um número significativo desses imigrantes fixou-se na própria capital, empregando-se nas primeiras indústrias que se instalavam nos bairros do Brás e da Mooca, a partir de investimentos provenientes dos lucros obtidos pelos empresários do setor cafeicultor. Em 1882, é fundada a Hospedaria dos Imigrantes, a princípio no Bom Retiro (1882) e posteriormente na Mooca (1885).
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Século XIX e XX - A Industrialização
A cafeicultura, que estava em pleno desenvolvimento, necessitava de mão de obra. Isso estimulou a entrada de um número considerável de imigrantes, que trouxeram novas técnicas de produção de manufaturados e foi a primeira mão de obra assalariada no Brasil. Assim constituíram um mercado consumidor indispensável ao desenvolvimento industrial. O setor que mais cresceu foi o têxtil, favorecido em parte pelo crescimento da cultura do algodão em razão da Guerra de Secessão dos Estados Unidos, entre 1861 e 1865.
Na década de 1880 ocorreu o primeiro surto industrial quando a quantidade de estabelecimentos passou de duzentos, em 1881, para seiscentos, em 1889. Esse primeiro momento de crescimento industrial inaugurou o processo de substituição de importações.
Com a dificuldade em se importar os bens industrializados, a exportação do café foi prejudicada, estimulando dessa forma os investimentos e a produção interna, basicamente indústria de bens de consumo. Foi nesse cenário que a acumulação de capital advindo da economia cafeeira começou a ser invertido em investimentos industriais. O café começava a não ter mais o rendimento de outrora, e a proibição do aumento da lavoura, fez com que alguns barões do café começassem a diversificar seus investimentos. Surgiram empresários como Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá (1813 — 1889), preocupados com o desenvolvimento das estradas de ferro, das cidades e de toda infraestrutura necessária para o crescimento do ainda Brasil imperial. Contudo, as primeiras indústrias foram surgindo de maneira paulatina, no final do século XIX e início do XX, elas representavam ainda uma baixa participação na economia nacional.
A indústria é a principal característica da economia paulista. Depois da crise de 1929, em Nova Iorque, o café deu lugar às indústrias, que fizeram São Paulo permanecer na liderança da indústria nacional até hoje.
A decadência da cafeicultura provoca a transferência do capital para a indústria, que pôde desenvolver-se apoiada no mercado consumidor e na mão-de-obra disponível no estado. Esta primeira fase da industrialização ocorre no contexto econômico brasileiro da substituição de importações.
O período de maior crescimento da indústria do estado ocorre no mandato de Juscelino Kubitschek, que promoveu a internacionalização da economia brasileira, trazendo a São Paulo (principalmente à região do ABC) a indústria automobilística.
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São Paulo no Século XXI
Atualmente o estado é líder em vários setores da economia brasileira, notadamente no setor financeiro (concentrado na cidade de São Paulo), nas indústrias automobilística e de aviação e na produção sucroalcooleira e de suco de laranja.
São Paulo é o estado mais rico do Brasil, com o maior PIB entre os estados brasileiros e o segundo PIB per capita da Federação, sendo assim um dos mais importantes polos econômicos da América Latina e propulsor da economia brasileira.
São Paulo oferece uma boa infraestrutura logística para investimentos, devido às boas condições e extensão de sua malha rodoviária, bem como por sua infraestrutura hidroviária, portuária e aeroportuária. A interligação dessas malhas permite um eficiente sistema de transporte multimodal. O que permite possuir uma economia diversificada, composta por indústrias metal-mecânica, sucroalcooleira, têxtil, química, automobilística, aeronáutica e de informática, bem como pelos setores de serviços, financeiro e agropecuário.
São Paulo e principal centro financeiro, corporativo e mercantil da América do Sul. É a cidade mais populosa do Brasil e do continente americano. São Paulo é a cidade brasileira mais influente no cenário global, sendo considerada a 14ª cidade mais globalizada do planeta, recebendo a classificação de cidade global alfa, por parte do Globalization and World Cities Study Group & Network (GaWC). O lema da cidade, presente em seu brasão oficial é "Non Ducor, Duco", frase latina que significa: "Não sou Conduzido, Conduzo".
População Atual (Estatística 2016): 12.038.175 habitantes.